ser humano
Tema 1
A Condição Humana
O
que é o ser humano?
É
comum as pessoas pensarem que uma provável “natureza” da mulher ou do homem
seria determinante do comportamento. Exemplo disso, é no processo histórico da
humanidade termos o conceito de feminilidade e de virilidade tendo fortes
componentes culturais, que por sinal mudam de acordo com o tempo e lugar.
Não
podemos conceituar o que é ser humano, sabendo que encontramos muitos conceitos
que permeia em concepções próximas da pergunta acima, ao qual, nem sempre são
claras, recebemos então uma herança cultural. Dessa forma, os conceitos sobre
ser humano, não passaram apenas por uma reflexão e/ou critica, com verdades
imutáveis.
Exemplos
como:
1-
pressupor que se saiba fazer distinção entre o ser humano e o animal (-aquela
lá? Não é gente,mas parece uma bicho!)
2-
pressupor que a natureza é imutável prevalece também uma concepção estática da
historia humana. (- Desde que o ser humano existe, há pobres e ricos. Por que
haveria de mudar?)
3-
De cunho religioso, a humanidade é explicada pelo divino: o ser humano nada é
sem fé. (- O que seria de mim sem a graça de Deus?)
4-
Também existem certezas do ser humano em excelência racional e que paixões são
fraquezas que o desviam de um caminho tido correto. E/ou o ser humano é
racional e tem desejos: o prazer é fundamental,etc.
Desse
modo, podemos perceber vários conceitos que vêm definir a condição humana.
Aonde nosso dever é apenas de refletir sobre os pressupostos teóricos sobre o
“humano”.
O
MUNDO NATURAL E TORNAR-SE HUMANO
Podemos
dizer que os animais vivem em harmonia com sua própria natureza porque os
instintos animais são regidos por leis biológicas, o que torna possível prever
as reações típicas de cada espécie. A ciência que estuda o comportamento dos
animais chama-se etologia.
O
animal age de acordo com suas características da sua espécie . Também tem
animais superiores são capazes de encontrar soluções criativas porque fazem uso
da inteligência. Exemplo:macaco, cachorro,gato,etc. A inteligencia animal,
porém, é concreta, porque se acha presa a experiencia vivida naquele momento.
Existem pesquisas que buscam saber da distinção entre instinto e inteligencia,
entre inteligencia animal e humana. Portanto, apesar da inteligencia e do
instinto animal, essas habilidades servem apenas para melhor adaptar o animal
ao mundo natural, sem no entanto ultrapassá- lo, experiencia essa exclusiva da
aventura humana.
Diferente
dos animais, cujos atos são sempre os mesmos para cada individuo da especie a
que pertencem, nós desenvolvemos comportamentos diversificados e precisamos da
EDUCAÇÃO para sermos propriamente HUMANOS (sociável). Sabe-se que existe um
processo comum pelo qual cada criança recebe a herança cultural, sempre mediada
pelos outros, com os quais aprende os símbolos que a tornam capaz de agir e
compreender a própria experiencia.
Dessa
forma, o processo que possibilita o desenvolvimento da individualidade se
encontra intima relação com a socialização, pela qual o ser humano se apropria
dos resultados da experiencia historica da sociedade que nasceu.
CULTURA
O
meio animal, dessa maneira, são ações de instinto e inteligencia concreta.
Enquanto, o humano são de inteligencia abstrata, permitindo ir além na
intervenção sobre o mundo: só o ser humano é transformador da natureza, e o
resultado dessa transformação se chama CULTURA. A cultura é o processo de
experiencias que vai sendo capaz de realizar,discerne entre elas,fixas as de
efeito favoravel, tranformando o humano em culturas conforme sua vivencia. A
produção de cultura requer linguagem simbolica( signos, palavras, numeros,
notas musicais, gestos,etc). A linguagem simbolica possibilita o
desenvolvimento da técnica e, portanto, do trabalho, como forma sempre renovada
de intervenção na natureza. Ao reproduzir as técnicas já utilizadas pelos
ancestrais e ao inventar outras novas, o ser humano trabalha, transformando não
só a natureza como seu próprio ser.
Chamamos
TRABALHO HUMANO a ação dirigida por finalidades conscientes e pela qual nos
tornamos capazes de transformar a nós mesmos e a realidade em que vivemos. A
linguagem simbolica e o trabalho humano são parâmetros para distinguir o ser
humano dos animais.
CONCEPÇÕES
ANTROPOLÓGICAS
Na
sua longa caminhada, o ser humano construiu as mais diversas representações de
si próprio, de acordo com as situações e dificuldades enfrentadas na luta pela
sobrevivencia e na tentativa de explicar o mundo que o cerca. Na antropologia –
se pergunta: o que é ser humano?....questão essa que não tem antecedencia no
decorrer do tempo. A prioridade da pergunta antropologica se encontra no
sentido filosófico de principio, fundamento, ou seja, os filosóficos desde
antes já questionavam “o que é ser humano?”. Certamente, esse conceito de
humanidade varia conforme a cultura. Ex. Tempo da grécia, o nobre medieval, o
indio ou o individuo moderno.
Antropologia
(do grego anthropos:homem e logos: teoria, ciência)
Antropologia cientifica: ciência que estuda as
diferentes culturas quanto aos mais diversos aspectos (relações familiares,
estruturas de poder, costumes, tradições, linguagem, etc); engloba a
etnografia(estudo descritivo das sociedades humanas) e a etnologia( ramo da
antropologia que estuda e compara diferentes culturas).
Antropologia filósofica: questionamento
filosofico a respeito do que é o ser humano; investigação a proposito do
conceito que o ser humano faz de si próprio.
TRADIÇÃO
E RUPTURA
Ex.
Adão e Eva foram expulsos do paraiso e obrigados a sobreviver pelo suor do seu
rosto, pelo trabalho. Esta ilustração mostra o momento em que o homem deixa de
relacionar com os animais e vice versa. O comportamento humano, cada vez mais
distanciado do mundo natural, passa a ser regulado pelo mito, pela religião,
pela ética, pela éstetica. Significando que os atos dos seres humanos são
sempre avaliados e podem ser considerados como sagrados ou profanos,
pecaminosos ou abençoados pela
dinvidade, bons ou maus, belos ou não,etc...
Ao
definir o trabalho humano, assinalamos um binômio inseparavel: o pensar e o
agir.
Toda
ação humana procede do pensamento e todo pensamento é constituído a partir da
ação. A capacidade de alterar a natureza por meio da ação consciente torna a
condição humana muito especifica, por estar marcada pelo ambíguo e pelo
instável. Ou seja o ser humano muda suas tradiçoes, culturas, comportamentos
constantemente, ao contrario dos animais que é estavel, acomodado com o meio
natural. Contudo, o ser humano é capaz de inventar, reinventar, criar,
descobrir, mudar aquilo que já foi feito, etc. Sendo assim, um ser histórico,
capaz de compreender o passado e projetar o futuro. Na busca de um futuro
melhor para a sociedade.
Visão segundo Platão e Aristóteles na
Antropologia Filosófica
O homem como projeto de si, tendo o
corpo como um entrave para e na existência segundo Platão.
Na concepção Platônica, o homem é
entendido como um filósofo, ou seja, como aquele que se posiciona diante dos
problemas da existência como também diante de si mesmo através do processo da
reflexão sobre a sua existência que homem concreto vai se tornando
filósofo. Isto significa dizer que o homem, neste sentido, para ele, tudo (o
mundo) se torna, objeto de reflexão. Assim, o homem apresenta o caminho que
pode conduzir à filosofia. Assim, a figura do filósofo não é anterior ao homem,
mas sim posterior. Segundo Platão é no dialogar que o homem se vai
reconhecendo.
O homem, situado e concreto, é o
caminho que pode nos levar à prática da filosofia.
Para Platão o corpo surge quase como
um entrave. Daí a necessidade de compreender a problemática alma-corpo como possuidora
de um sentido que não está somente na questão psicofísica. Pois, esta
problemática é uma relação dinâmica que só terá existência se for vivida.
Porque, de um lado temos o homem prático e de outro, o homem filósofo.
A alma na experiência do filosofar
tem grande importância e nessa experiência o corpo surge como um obstáculo.
Homem filósofo e homem não-filósofo são opostos. A dicotomia corpo-alma não é
apenas uma questão física e psicológica, ela precisa ser vivenciada e é vista
por Platão como fundamental para a existência, é o que permite uma vasta
compreensão da existência. O homem platônico é um estrangeiro, é alguém que
vive a distância de si mesmo. A contemplação é a forma que este homem encontra
para transformar a si mesmo. Ele não está confinado no próprio mundo, mas
mantém uma relação constante com o supra-sensível, com as idéias com o
inteligível, dessa maneira ele pode ultrapassar a si mesmo.
Portanto, a dicotomia alma-corpo é
vista como algo fundamental para a existência, é ela que permite uma
compreensão mais abrangente da existência.
De uma forma geral podemos afirmar
que Platão afirma a liberdade absoluta do homem, reconhecendo-lhe uma natureza
espiritual que não pode ser, em hipotese alguma acorrentada às forças do mundo.
Para Platão, o homem, é essencialmente alma, espírito e por isso, o unico
problema, para o homem, é o de resgatar a sua alma da prisão do corpo.
Segundo Platão é no
dialogar que o homem se vai reconhecendo . O diálogo é a auto-expressão do
homem, antes de qualquer sistematização filosófica. O homem faz-se no diálogo.
Isto é, começa uma compreensão de si mesmo e do outro. Este diálogo revela duas
instâncias segundo Platão. A primeira é necessidade de comunicação e a segunda
é aquela em diálogo revela uma maneira original de ser homem.
Para o Platão,
existe dois de homens: o que vive segundo espírito, aquele que anseia e
contempla as Ideias, ou seja, o homem ideal, que já superou o sensível e do
outro lado o homem que procura viver segundo a visão do sensível das coisas.
Aquele que vive ainda na vida instintiva, que está ainda no estágio de
contradições e confusões. O primeiro é o homem filósofo e o segundo é não
filósofo que deve ser ultrapassado.
Nestas duas
concepções do homem existe uma componente condicionante: o corpo. Este, é visto
por Platão como entrave para elevação do homem na contemplação das
ideias, por isso é um obstáculo a ser superado para tornar a sua
existência completa. Apesar disso Platão vê esta dicotomia (corpo-alma) como
necessária e fundamental para a existência. Vamos lembrar-nos que para os
filósofos originários os opostos são necessários para uma compreensão global da
realidade.
Com Platão a especulação filosófica
atingiu inesperadamente uma de suas expressões mais alta. No pano histórico ela
representa um esforço de síntese entre Heraclito (devir da realidade sensível)
e Parmenides (ser do mundo real), a serviço da vida moral e cívica do homem
(Socrates).
A característica dominante do
pensamento de Platão está dualismo: ser em si e coisas que participam do ser,
inteligível e sensível, alma e corpo, etc.
Portanto, Platão soube aproveitar
este dualismo para dar a toda as atividades humanas sentido transcendente,
movimento vertical, valor perene. De fato, o seu poderoso apelo para as ideias
ultra-terrenas é uma das mensagens mais nobres jamais comunicadas à humanidade.
Platão busca o homem como projeto de
si; neste sentido platônico, a palavra projeto significa o “universo” de
cuidados que o homem realiza para se tornar humano. O homem é um projeto, isto
é, ele pensa tudo: as coisas, os objetos, os acontecimentos, a sua própria
existência se torna um objeto de reflexão. Por isso, a concepção de homem, na
filosofia de Platão, não toma o homem como um ser genérico, mas como o ser
humano concreto explicitado na figura humana real e existencial de Sócrates. E
como o homem se revela em Sócrates? Como um sujeito que vive entre os outros
homens, que fala sobre as coisas que os outros falam e que também fala com e
para os outros homens. Portanto, o homem é um interlocutor, um sujeito ativo de
diálogo. E essa abertura do homem como participante do diálogo se faz como
possibilidade de oposição aos outros modos de enxergar a realidade.
Por isso, a relação corpo e alma se
mostra como demarcadora de um enfoque particular. No pensar de Platão a alma
adquire uma importância específica. O homem é um estrangeiro, um ser que se
distancia de si mesmo, pois a sua alma não está aí no seu lugar.
Platão dá-nos a entender que toda a
reflexão acerca da vida e do mundo deve partir do próprio homem. Na medida em
que se desenrola esse estudo, o homem vai se constituindo. Platão, o homem
sendo concreto, é a ele que direciona de modo particular o seu discurso, homem
esse representado pela figura de Sócrates. Nesse caso, Sócrates deixa de ser
uma forma de expressão, passando a ser entendido «como a expressão filosófica
em si mesma», ou o exemplo de um homem filosófico por excelência. Deste modo,
se pode entender como a filosofia exalta os vários aspectos fundamentais no
contexto reflexivo sobre o homem; isto é, o homem é anterior ao próprio
filosofar. Ele posiciona-se diante dos problemas da existência como também
diante de si mesmo. Esse posicionamento ultrapassa toda e qualquer filosofia
sistematizada.
Platão, ao distinguir o homem
filósofo como aquele que vive segundo o espírito e o não filosófico aquele que
vive segundo a visão sensível das coisas, faz com que a alma adquira uma
importância singular, em detrimento do corpo, considerado com entrave para a
existência. Mas «esta problemática é uma relação dinâmica que só terá
existência se for vivida. Portanto, a dualidade alma-corpo é algo fundamental
para a compreensão mais abrangente da existência».
A condição do homem na visão
Aristotélica, considerando o reconhecimento de que é ele um exemplar da espécie
humana.
Segundo Aristóteles a condição do
homem se efetiva quando há o retorno do homem a si mesmo, tornando-se ele algo
de positivo. Assim como todos os entes da natureza, ele traz em si mesmo seu
sentido próprio. O Homem representa, para si mesmo, um caso; sendo o exemplar
de uma espécie. Assim ele é e afirma-se como sendo um homem, por isso, alcança
consciência de si mesmo enquanto homem e não enquanto este homem. É, para si
mesmo, um ele, e nunca um eu.
Para o Aristóteles, o homem, como
todos os seres deste mundo são constituido de matéria (corpo) e alma
(espírito). Apesar de que, este procura exprimir o que existe de
particular na relação com todos outros seres, por um lado, por outro, porque se
esforça por situar o seu eu no conjunto psicofísico e dar a esse eu uma certa
função espiritual.
Aristóteteles coloca o homem no topo
de todos os valores. Ele fala do homem concreto (o Fato Homem), o vivente ( o
corpóreo) com todas as suas dimensões ( o elevado que há nele e também o mais
baixo). É o homem que aceita o seu lugar no universo, na terra, que contempla a
si mesmo, a natureza e o mundo. Não o homem exilado do corpo (como em Platão),
mas que vive num mundo concreto, o sublunar. Este homem tem o sentido de um ser
natural no conjunto da natureza, e este natural significa conforme a ordem das
coisas, tentando responder sempre a um fim.
O questionamento aristotélico parte
da concepção do homem como um fato concreto. Sua condição psicofísica comparada
a dos outros seres. Aristóteles categoriza a espécie humana junto com as demais
dentro do conjunto da natureza. Aristóteles abrange em sua concepção de homem o
que há de mais elevado e o que há de mais inferior. Em Aristóteles o homem
aceita seu lugar no universo, ele está na terra contemplando a si mesmo, a
natureza e o universo. Ele tem consciência de que pertence a uma ordem
universal, onde tudo tem sua finalidade. Este homem que sabe seu lugar vive
simultaneamente na natureza e em seu próprio mundo. Nessa concepção o homem retorna
a si mesmo, sendo ele, em sua totalidade, corpo-alma, algo positivo. Carrega em
si seu sentido próprio assim como os outros entes também em si trazem seus
sentidos.
Aristóteles nos dá uma visão realista
do mundo e do homem. Do mundo enquanto, opondo-se ao idealismo platônico, fez
das ideias formas da matéria. Do homem enquanto faz o conhecimento intelectivo
proceder da experiencia e enquanto afirma que as ideias universais, em seu
significado, têm certa correspondência com a realidade externa.
A “condição humana” na filosofia
aristotélica está no entendimento que o ser humano vive a sua vida
inserido no conjunto global da natureza e, ao mesmo tempo, vive a peculiaridade
do seu próprio mundo. Na concepção antropológica de Aristóteles o homem carrega
em si mesmo o seu próprio sentido. Dessa maneira, o homem necessita construir a
razão de sua existência assim como os demais seres na natureza.
O fato de Aristóteles tomar como
fundamento de seu pensar a existência concreta do homem como um ser que está inserido
no conjunto da natureza e que – a partir desta consciência de pertença a este
conjunto natural – precisa afirmar a sua humanidade de um modo peculiar. Neste
sentido, o homem é entendido como um ser racional, aquele que tem a
possibilidade de construir um sentido para a sua existência, que a torne
razoável, justificada pela razão, por isso da afirmação peculiar de que a
essência do homem reside na razão. Essa afirmação perpassa como referência a
história das ideias.
Para o Aristóteles, ao contrário de
Platão, o homem permanece na terra e contempla a si mesmo, a natureza e o
mundo. O homem retorna-se a si mesmo, tornando-se algo de positivo. Ao falar de
si mesmo, sendo o exemplar de uma espécie, alcança consciência de si mesmo
enquanto homem e não enquanto este homem. Concluindo, «é, para si mesmo, um
ele, e nunca um eu».
CONCLUSÃO :
“Na antiguidade grega inicialmente
vamos encontrar a força propulsora de tudo que desafia o homem a produzir
mitos, o mistério, que envolve a vida e o ser. O homem sente-se como que jogado
na existência, em meio à multiplicidade de fenômenos, que o desafiam e que ele
tem de ordenar ou organizar, dando significado, em função de um viver. Não só
em função da sobrevivência física ou biológica, como todo animal, mas também em
função da sobrevivência psicológica e social; o que é próprio do ser humano. Há
uma relação estreita entre homem e cosmos. Nesse passo temos uma antropologia
cosmocêntrica. Nesse link estão, por exemplo, Homero e Hesíodo, apesar de neles
já aflorarem alguns elementos de um humanismo que procurava e buscava definir
um ideal humano de vida que, partindo embora dos limites da situação
existencial do homem, dele depende e por ele é criado.
Passando para a antiguidade clássica
vamos encontrar Protágoras (485-411 a.C) que por primeiro formulou, numa
expressão clássica, a necessidade do homem de avaliar tudo, o que em termos
amplos significa a necessidade de tudo mundanizar. Disse ele: “Pánton
chremáton métron estin ánthropos (De todas as coisas,
sobretudo as de uso e costume, o homem é a medida)”.
Surge nesse momento a passagem de uma
antropologia cosmocêntrica para uma antropologia antropocêntrica. Nesse
contexto vamos perceber a atuação dos autores pré-Socráticos (a corrente
sofística), Sócrates, Platão, Aristóteles e as correntes posteriores
(epicurismo, estóicos e os neoplatônicos).
Platão realmente estabelece uma
antropologia centrada no dualismo cosmológico e antropológico, concebendo a
vida humana, em força da sua própria estrutura, como sendo tensão a
resolver-se. Tensão que não se exaure no horizonte da vida pessoal. Ela
continua vigente na vida da polis. A sociedade repete, no nível
macroscópico-social, aquilo que cada pessoa é no nível individual.
No plano individual o homem é
composto por corpo e alma, ou seja, o humano só pode ser completo se for dual.
Assim, Platão inaugurou o que ficou conhecido como dualismo. Para ele, o homem
não pode ser compreendido apenas pelo corpo ou pela alma. O corpo segundo ele é
a morada da alma. A alma é a que dá vida à mente, e, esta permite o intelecto e
por fim o conhecimento. Assim sendo, o homem é tem duas moradas: a concepção do
corpo em antítese ontológica com a alma. Assim ele nos diz no Fédon 67 A: “Além
disso, por todo o tempo que durar nossa vida, estaremos mais próximos do saber,
parece-me, quando nos afastarmos o mais possível da sociedade e união com o
corpo, salvo em situações de necessidade premente, quando, sobretudo, não
estivermos mais contaminados por sua natureza, mas, pelo contrário, nos
acharmos puros de seu contato...”
Segundo Platão, o homem tem uma
centelha do divino. O que mais aproxima da essência divina é o amor que deve
ser naturalmente algo que vem da alma, pois esse sentimento vai impulsionar a
alma à verdade. (FEDRO). O Dualismo corpo-alma, a imortalidade da alma, a
transcendência, são temas importatíssimos em Platão.”
Passando ao nosso querido
Aristóteles, inicialmente podemos destacar que ele é tido por alguns como sendo
o primeiro a conceber a antropologia enquanto ciência, buscando também realizar
uma sistematização filosófico-científica no que se refere ao debate sobre o
homem. Ele responderá ao questionamento de “quem é homem?”, apontando para uma
interpretação da vida do ser humano, no contexto da vida em geral. Nasce aqui a
vinculação de uma pertença política porque na origem o homem é social. Entra
nesse contexto o debate sobre a ética e a vida prática. Assim sendo, a
concepção aristotélica de homem centra-se em suas capacidades racional e
discursiva, ambas intimamente ligadas à capacidade social. Dada a sua natureza
racional, o homem atinge a plenitude de seu ser na posse do conhecimento. A
atividade reflexiva permite ao homem afastar-se de sua condição finita e
aproximar-se da natureza divina, pois a filosofia primeira é conhecer as
causas, que são produzidas por Deus e objeto do conhecimento divino. Assim
sendo, para nosso Estagirita o homem realmente é especial e foi tratado por ele
com tanta maestria, que podemos dizer que a sua antropologia alcança até hoje
os fundamentos da concepção ocidental do homem.
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