A FILOSOFIA ENQUANTO INSTRUMENTO DO PENSAR HUMANO



Considere o seguinte texto extraído do livro Filosofia Para Jovens, de Maria Luiza Silveira Teles[1].
O

 homem é um animal diferente. Só ele tem consciência de si próprio e da realidade, pode refletir sobre isto e, também, agir sobre si, transformando-se, e sobre a realidade exterior, criando cultura e mudando as circunstâncias. Não é apenas o fato de raciocinar, de ter um sistema nervoso mais complexo, mas, principalmente, o fato de poder opor o polegar e ser capaz de manipular os objetos que o leva a se perceber como algo separado do mundo, embora inserido nele. Isto conduz a uma série de conseqüências, inclusive ao ato de filosofar.
    Já que ele não se mistura com a natureza, embora faça parte dela e só se realize nela, ele levanta questões como “quem sou eu?”, “qual a minha origem?”, “qual o meu destino?”, etc.
   A investigação filosófica, pois, consiste em tomar como objeto da consciência o próprio ato de consciência das coisas, é uma busca do significado imutável das coisas em si. Ela é uma atitude, um ato de reflexão e apreensão, metodicamente controlado.
   Se ela é uma apreensão de algo que está além das aparências e do nível aparente do que é dito, consiste, portanto, em:
- um esforço intelectual do pensamento para a obtenção de uma resposta;
- uma análise metódica;
- uma interpretação teórica;
- uma reflexão sobre as possibilidades de certeza ou não dessa interpretação.
   A filosofia busca, então, respostas, eleva-se, desenvolve, reflete-se, retoma, ao reconsiderar respostas anteriores. Ela não é uma conclusão a respeito de nada, mas, mais apropriadamente, uma colocação, um debate. Como diz Husserl: ‘a filosofia é, por essência, uma ciência dos começos verdadeiros, das origens radicais’. O filosofar é, portanto, próprio da natureza humana. Que é isto? O que é o homem? Qual a sua humanidade?/.../ O legítimo filosofar é a tentativa de responder, pessoalmente, a uma pergunta pessoal, sobre algo experienciado.
            Em 25 séculos de filosofia, temos inumeráveis doutrinas contraditórias. Não há, sequer, um reduzido número de proposições sobre as quais os filósofos estejam de acordo. Os filósofos – e todos nós – se enredam em suas próprias elucidações. Estão sempre insatisfeitos. A verdade é que buscam soluções, da mesma maneira desesperada que todos nós. A meta final é a realização, mas alguém consegue alcançá-la? Eles vão – e nós também... - só até aonde a inteligência pode ir e ela é limitada, e o que alcança não nos satisfaz.
            O que é a realidade? Somente o que é palpável? Já sabemos que não. O homem sofre ou é infeliz por meio de formas invisíveis (amor, ódio...), que, no entanto, não são menos reais do que aquilo que é palpável. /.../ Na filosofia, pois, aprendemos a analisar os elementos que compõem a existência do ser-no-mundo, isto porque há em nós uma inquietação existencial congênita. Ao filosofar, avivamos nossa própria luz interior, fazemos um exercício de aproximação e de encontro com o que é buscado.
            Há, pois, o descobrimento e o diálogo, em busca do conhecimento. Por isso, a filosofia é o conhecimento do conhecimento. Aí está a sua diferença com relação à ciência. Enquanto esta trata dos dados experimentais da realidade, a filosofia trata das idéias, conceitos ou representações mentais daquela mesma realidade. /.../ Muitos especulam se o mundo realmente existe. Para nós esta questão é um contra-senso, porque sem esta existência o homem não seria “existência”.
            Seria, também, contra-senso pensar no homem como um simples resultado de forças e processos cósmicos. Só o homem dá sentido às coisas. Há uma prioridade de subjetividade sobre as coisas, pois elas só têm sentido para o homem. Ele é, pois, o único ser que explica o seu próprio ser.
            O filosofar é, então, uma apreensão da vida, a fim de exprimi-la. Mas este filosofar só tem valor se a experiência do filósofo sustenta sua própria expressão reflexiva. Na filosofia, aprendemos a analisar os elementos que compõem a existência do ser-no-mundo. Mas, como disse alguém: “não há aqui nenhuma lógica matemática, pois esta não é capaz de explicar o que é o homem e em que consiste o sentido da vida”.
            Filosofar, no mundo contemporâneo, é mais importante do que nunca, pois o novo homem está ameaçado de ser vítima da mentalidade tecnocrática. Mais do que nunca, se torna necessário levantar uma série de questões, começando por: “O QUE É O HOMEM? Somente filosofando poderemos encontrar caminhos que nos levem à tão buscada felicidade.”


EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM Nº 02

1)    Reflita sobre o que Maria Luiza escreve: “O homem é um animal diferente. Só ele tem consciência de si próprio e da realidade, pode refletir sobre isto e, também, agir sobre si, transformando-se, e sobre a realidade exterior, criando cultura e mudando as circunstâncias.”

Faça uma breve análise crítica procurando explicar racionalmente as razões que fazem o ser humano ser diferente dos animais em comum.

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