O trabalho na visão de Marx, Weber e |Durkhein

Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx, apesar de terem aplicações e métodos diferentes, elegeram o trabalho como objeto científico de seus estudos. Esses três autores clássicos da Sociologia foram influenciados pela Revolução industrial e pela Revolução francesa, marcos de um novo modo de vida no ocidente em geral.
O autor entende a divisão social entre trabalhadores e empregadores como uma divisão funcional. Divisão entre aqueles que devem cumprir uma atividade d organização da produção e mando (os empregadores) e os que devem desenvolver uma atividade produtiva (os trabalhadores). Essa divisão, como extensão da divisão do trabalho, promove a coesão social e, por isso, deve ser preservada socialmente.
MARX
Para Marx, concentra sua análise nas formas históricas de trabalho e, particularmente, no trabalho assalariado. O trabalho assalariado é uma manifestação histórica de como o capitalismo se organizou como sociedade. 

Com base na exploração do trabalho assalariado, a sociedade capitalista produz e reproduz sua existência. Ou seja, o trabalho assalariado é uma atividade central para a perpetuação das relações sociais entre capitalistas e trabalhadores e, por consequência, da exploração e dominação do trabalhador pelo capitalista.
Para Marx, a divisão em classes sociais constitui-se com base na retirada, pela burguesia nascente do século XVIII, do meios de produção (terras, ferramentas, animais, etc) dos pequenos produtores livres. 

Com isso, formaram-se a burguesia e o proletariado, classes fundamentais do capitalismo. A reprodução dessa divisão social se dá com base na exploração do trabalho assalariado que o trabalhador vende para o capitalista em troca de um salário.
À primeira vista, o trabalho assalariado pode ser considerado como atividade que é vendida pelo trabalhador em troca de um salário pago pelo capitalista. No entanto, Marx assinala que essa troca, apesar de aparentar igualdade, na prática se dá de forma desigual.

O capitalista tem um capital e com esse capital monta um negócio. Para isso, precisa contratar certo número de trabalhadores. Aparentemente, o capitalista oferece trabalho e o trabalhador pode aceitar ou não esse trabalho. No entanto, devemos considerar a desigualdade histórica dessa relação de troca.

No entanto, nessa divisão há problemas que Durkheim vê como doenças sociais (anomia social, ou seja, sociedade não funciona de forma harmônica) que devem ser corrigidas para que o todo social se desenvolva adequadamente.
Se há excessos por parte de capitalistas ou de trabalhadores, deve-se regulamentar suas atividades a fim de alcançar o equilíbrio e garantir a integração social das partes envolvidas. Dessa forma, as partes (os indivíduos) devem submeter-se de modo a garantir a permanência do todo (a sociedade). De um lado , o capitalista não se deve deixar levar pelo egoísmo do lucro exacerbado, de outro, o trabalhador não deve questionar sua funcionalidade dentro da divisão do trabalho.
Isso levará, por consequência, a uma maior coesão social 
( termo que representa as forças que mantém os homens juntos em sociedade e que lhes permite viver num certo consenso e ordem social)
O trabalho, é um fato social (maneira de pensar, agir e sentir, exterior e coercitivo ao indivíduo) presente em todos os tipos de sociedade.. Há sociedades com menor ou maior divisão do trabalho, mas em todas elas são encontradas funções diferenciadas entre os indivíduos , os que os divide em grupos funcionais distintos com condutas sociais também distintas. Nas sociedades capitalistas, o trabalho é pensado como uma atividade funcional que deve ser exercida por um grupo específico: os trabalhadores.
Para Durkheim, a divisão do trabalho é responsável pelo desenvolvimento de uma sociedade diferenciada internamente.

Quanto mais especializado é o trabalho, mais laços de dependência se formam. 

Quanto mais desenvolvida for a divisão do trabalho, maior será a teia de relações de dependência entre os indivíduos (um padeiro depende de um agricultor, que depende de um ferreiro, e assim por diante) 
DURKHEIM
A constituição da classe trabalhadora como classe a obriga a vender seu trabalho. Mas o trabalhador não poderia rejeitar o trabalho? De maneira individual sim! Mas se pensarmos no conjunto da classe trabalhadora, não. 

A classe trabalhadora vende seu trabalho porque teve seus meios de produção tomados historicamente pelos capitalistas. 

Se não tem como produzir sua subsistência por conta própria, a classe trabalhadora se vê forçada a vender seu trabalho em troca de um salário, caso contrário não tem como sobreviver.
Nossa vida na sociedade capitalista depende, portanto, da exploração do trabalho assalariado. Tudo o que comemos, bebemos, vestimos, tocamos, assistimos, consumimos, em geral é fruto desse tipo de trabalho.
Weber parte de uma perspectiva diferente de Durkheim. Segundo ele, não há algo geral e comum a todas as sociedades. Cada sociedade obedece as situações históricas exclusivas; e no capitalismo, por condições específicas, o trabalho teria se tornado uma atividade fundamental.
Segundo Weber, não bastou o desenvolvimento do mercado, da moeda, do dinheiro, das relações de troca em geral para que o capitalismo se constituísse como sociedade particular. Essas condições estavam presentes em sociedades passadas, como na antiga Roma e durante a Idade Média, quando já existiam vários elementos que hoje governam as relações monetárias, comerciais e de troca.
A especificidade do capitalismo esta no encontro entre o “espírito” capitalista , de obter sempre mais lucros, e uma ética religiosa cujo fundamento é uma vida regrada, de autocontrole que tem na poupança uma característica central.
Nesse encontro entre a mente capitalista e a ética protestante, o trabalho ocupa lugar central. Para o praticante do protestantismo, o sucesso nos negócios é uma comprovação de ter sido escolhido por Deus. 

O trabalho árduo e disciplinado e uma vida regrada e sem excessos podem lhe trazer o êxito profissional, sinal de sua fé e salvação espiritual.
Weber observou que a formação do capitalismo teve como característica fundamental essa ação social orientada por um objetivo racional. Com o objetivo de, ao ter êxito em sua vida material, ter a segurança de ter sido escolhido por Deus.
O encontro entre uma ética religiosa e um espírito empreendedor possibilitou a formação histórica do capitalismo. Entretanto, a procura da riqueza, não mais estaria sendo guiada por padrões éticos, mas associados tão somente a “paixões puramente mundanas”. 

Ao longo do tempo, o encontro formador da sociedade capitalista perdeu seu sentido original e o lucro capitalista passou a dirigir as sociedades contemporâneas. 
Há diferenças entre os clássicos na abordagem do trabalho: 

Durkheim vê o trabalho como uma atividade que proporciona a integração social. 
Para Marx, o trabalho assalariado é uma atividade típica do capitalismo, e sua exploração permite que essa sociedade se reproduza socialmente..

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